PORTUGAL NO SÉCULO XIX - O Desastre da Ponte das Barcas
A ponte das Barcas, sobre o Rio Douro, no Porto, foi construída em 1806, era constituída por vinte barcaças ligadas entre si por fortes cabos. Sobre essas barcaças estava disposta uma plataforma de pranchas que permitia a travessia.
Aqui se verificou um famoso acidente, em 29 de Março de 1809, durante a Guerra Peninsular, com a segunda invasão francesa. Nesse dia o general Soult entra no Porto, vencida a resistência local, avança sobre a cidade. A população, em pânico perante as tropas francesas, procurava refúgio atravessando o rio em direcção a Gaia.
Submetida a tal peso, a ponte rebenta. Uns caem à água, outros procuram deter-se perante o perigo. Há um movimento de recuo, o esforço dos que estão mais adiantados, contrapondo-se à multidão ávida que empurra com crua demência desesperada, provoca o desastre.
Mais de 4000 pessoas perecem nessa horrível tragédia.
Mais tarde construiu-se outra ponte mais robusta, constituída por 33 barcas, onde assentava um estrado de madeira protegida nos parapeitos por grades. Durante as cheias mais ou menos regulares do rio Douro, esta ponte era desarmada, evitando-se assim que a corrente a desmantelasse. O trânsito ficava, então, interrompido enquanto o rio não regressasse ao caudal normalizado.
Apenas em 17 de Janeiro de 1843 é inaugurada a ponte Pênsil, a primeira ponte de tabuleiro elevado (cerca de 10 m sob nível das águas) com um comprimento de 170,14 m.
Ontem, por ocasião dos duzentos anos da tragédia, o Presidente da República inaugurou um monumento evocativo desta, da autoria do arquitecto Souto Moura.